Não é à toa que The Great White Way ainda é usado como referência quando falamos de musicais da Broadway. Hoje, podemos compreender que ele foi formado pela branquitude, onde o espaço para a diversidade nos teatros era, no passado, extremamente restrito.
O desejo da nossa autora Juliana Pedroso em criar um musical que representasse o Brasil no exterior nasceu há muitos anos, mas não é de hoje que a Broadway homenageia outras culturas. Um dos primeiros musicais que rompeu com o padrão de contar apenas histórias americanas foi West Side Story, que estreou em 1957 e trouxe uma visão sobre outra cultura que não a deles. A ideia inicial do projeto era abordar o conflito entre os judeus e católicos. Porém, com o adiamento da estreia e o aumento da imigração nos EUA, o conflito central da narrativa foi adaptado para a realidade da época: a tensão entre americanos e porto-riquenhos.
O espetáculo foi um enorme sucesso e um marco para os musicais, mas, também perpetuou inúmeros estereótipos.
Poucos musicais se arriscaram a abordar ou dar espaço para outras culturas, até a chegada de In the Heights, também outro marco na história dos musicais. Foi o primeiro musical da Broadway moderna a colocar as luzes sobre a “latinidade” de uma forma que não fosse mais caricata, graças a uma equipe criativa formada por pessoas de ascendência latina, que compreendiam as dores, desejos e tradições de seu povo.Quando recebi o convite para montar Rio Uphill, refleti profundamente sobre como fazer com que os brasileiros se sentissem orgulhosos dessa homenagem. Durante o processo sentimos a necessidade de assumir uma responsabilidade política ao projeto, que já estava em desenvolvimento há muitos anos.
O caminho aberto por West Side Story e In the Heights resultou na oportunidade de desenvolvermos o primeiro musical brasileiro para a Broadway com estreia no Brasil. CONTINUA NOS COMENTARIOS