Fiyero esteve presente na minha vida por 17 anos. Em sua vidinha peculiar, ele superou inúmeros obstáculos com bravura: dermatite, pedra na vesícula, AVC... Só que de frágil ele não tinha nada!
Houve aquele dia em que foi atacado por dois cachorros enquanto passeava com meu pai; ficou traumatizado, mas se recuperou. Já quebrou a patinha por descer de maneira errada do sofá, mas nada o abatia. Ele era um para-raios de infortúnios, e seguiu firme mesmo assim.
Rabugento, sim, mas leal. Quando alguém fingia me agredir, lá estava Fiyero, esquecendo seu tamanho diminuto e avançando corajosamente, pronto pra me defender. Detalhe: se o “agressor fake” fosse eu, ele avançava em mim! Era rabugento, mas justo.
Mesmo com suas excentricidades, ele exalava amor. Era o primeiro a estar do lado, me olhando e reconfortando nos momentos difíceis, e não saía de perto até garantir que eu estivesse mais calmo. Às vezes, parecia até que ele estava me dando um passe energético.
Fiyero viveu em tempos turbulentos da minha vida e da do Rafa. Dois moleques aprendendo a serem adultos em tempos voláteis. Eu cuidei dele, mas ele também cuidou de mim. Nunca vou esquecer o terapeuta de Bodytalk dizendo que o AVC que ele teve durante a pandemia era uma energia destinada a mim, mas que ele escolheu barrar como um escudo pra me proteger.
E não satisfeito em passar por tantas adversidades, ainda viu Millezinha e Pippin partirem antes dele. Uma incoerência do destino, pois na “ordem natural das coisas,” fomos ensinados que quem chega primeiro parte primeiro, né?! Premissa que já caiu por terra quando a minha Tata também decidiu partir cedo.
Fiyero, o primogênito, continuou sua jornada por quase três anos após a partida dos mais novos. E é isso: os caminhos da vida seguem misteriosos e incertos; só nos resta respeitá-los e nos render no melhor sentido.
Agora devem estar os 3 brincando... Honro a vida do meu pequeno, que trouxe tantos aprendizados e alegrias! Ah! Já pedi pra Tata te dar um biscoito bem gostoso tá?! Te amo! 💕